segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

" Ressuscita-me!"

- Eu o amei desde a primeira vez que ele me tocou, eu o amei e sabia que seria pra sempre. Mas, não foi a mim que ele amou, foi a farsa que eu montei, me passando por Isabelle. Tão logo ele soube que Isabelle era eu, Ester, ele me ignorou. Eu nem sei quantas cartas escrevi pra ele e ele nunca respondeu. Eu não sei quantas vezes tentei falar com ele e ele não deixou. Ele pôs todas as barreiras e bloqueios de modo que eu jamais chegasse perto dele. O ódio dele por mim me faz pensar que ele sequer leu minhas cartas, sequer viu meu coração despedaçado consumido pela culpa de tê-lo engando, pela perda, pela dor... Eu me fiz outra mulher, outra farsa que ele amou e ao descobrir que era eu de novo, criou mais e mais bloqueios, mas eu sempre dava um jeito de me aproximar. Eu fui muitas mulheres de diferentes aparências, mas sempre a mesma a amá-lo. Era com o silêncio que ele me humilhava e batia, por vezes , mesmo sem ser tocada, meu corpo doía, eu gemia de dor das pancadas dele, todas pelo silêncio dele. Todavia, algo em mim, queria de alguma forma tê-lo e protegê-lo, apesar de tudo, sem compreender ou sem querer aceitar que ele,  um maestro brilhante, aclamado e adorado por milhões, amante da música que de tão lindas me faziam chorar, pudesse ser tão duro e humilhar e bater tanto numa mulher sem jamais tocá-la. O silêncio dele era como açoites impiedosos carregados de ódio e rejeição. Mas, na última farsa que montei para ter dele o amor, mesmo que falso e roubado, ele logo descobriu. Mesmo assim, sozinha, doída, humilhada eu, ainda pedi um abraço pra ele, por telefone que ele desligou sem nada dizer. Eu pedi um abraço porque sentia frio, solidão e dor e ele me deu o mais doloroso tapa que uma mulher poderia senir. Foi esse tapa que me fez vez tantas coisas, quando ele desligou o telefone.
Ele é o maior e melhor maestro do mundo, todavia, um engodo como homem. Ele é uma canalha. Ele não vale nada e não serei eu jamais, a revelar isso para os milhões que o adoram.
Não. Eu não o odeio. Eu apenas não quero alguém assim pra mim. Prefiro um homem simples e comum que me diga o que sente, mesmo que o que sente por  mim, não for nada ao silêncio covarde e cruel de um homem adorado por multidões e tão duro e ao mesmo tempo tão leviano capaz de achar que, com o dinheiro que tem, as mulheres são vendáveis. Mais que ser amado por uma mulher simples, o que ele quer, é uma deusa que ela possa pagar como se fosse um objeto de prazer e de exibição para os amigos.
Não o quero mais. Ele foi a maior metira que, sem querer, eu desnudei. Sem querer, tirei sua máscara de homem generoso, bom, alegre e apaixonado. O que ele esconde por traz disso nada mais é que um homem magoado, temperamental e, sobretudo carente e infeliz. "
Pequeno trecho do livro "Ressuscita-me", ainda em fase de elaboração.

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