sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

EDER SADER e EU

Este ano, o aniversário do PT, em seus 32 anos, foi um momento de reflexão bem mais que comemoração, em que pese, eu ter muito o que comemorar, porque sou parte dessa linda História. Na infância, fui praticamente criada pela minha avó, camponesa e uma mulher de muitas lutas, sabedoria e firmeza. Era confuso, para mim, ser criada como camponesa e por uma camponesa e ao mesmo tempo estudar, como bolsista, em escola particular, onde, os mesmos filhos da burguesia nata, também estudavam. Claro que, como bolsista, eu não tinha e nem podia usufruir dos mesmos privilégios, direitos e conforto que os pagantes, afinal, eu era apenas uma camponesa, no centro da burguesia e , por razões já escritas aqui sobre mim, vítima da exclusão e da humilhação. Por isso, não consegui jamais aprender a lidar com exclusões. Isso é praticamente impossível pra mim. Nem sei excluir e nem sei ser excluída, sem sofrer o que parece ser insuportável. Se a minha infância eu vivia conflitos como o de ser camponesa e estudar em colégio burguês, na adolescência, não foi menos difícil. A única certeza que eu tinha, era que a minha ideologia, não era a mesma dos meus amigos e eu me sentia, mais um vez, excluída, de certa forma, por não pensar como eles ou por pensar em coisas assim e eles, não. Fui para o MR8, mas não fiquei por muito tempo porque, mal cheguei e o 8 apontava apoiar Quércia, em São Paulo. O PT parecia ser distante demais pra mim, pois eu não conhecia ninguém que fosse do PT e ainda sofria de uma terrível timidez. Alguém que tive como um pai, me presenteou com um livro sobre Che Guevara e eu adorei o quê li. O autor era Eder Sader. Eu queria mais livros dele e não sabia como encontrar e fui à Sede do PT, onde soube que ele trabalhava na USP, como professor. Escrevi pra ele uma carta longa, onde eu expunha as minhas dúvidas ideológicas e pra onde seguir, além de felicitá-lo pelo livro que eu acabara de ler. Escrevi mais como um desabafo, sem jamais esperar resposta ou mesmo que ele lesse aquela carta tão longa. Todavia, para minha surpresa, ele respondeu e a resposta foi linda, me ajudando a resolver minhas dúvidas, além de me estimular a prosseguir. Mandei outra carta pra ele e veio outra resposta. Na quarta carta, eu já estava filiada ao PT e, no PT mesmo, eu amava saber coisas dele e ler os escritos dele. Infelizmente, por causa da minha profissão que me impedia de participar ativamente da vida do partido, tive que me afastar dele e, com esse distanciamento, incrivelmente, eu nunca soube do falecimento do Eder. Mais incrível ainda, foi saber só agora muito recente. Mais incrível ainda foi ter ficado distante do PT somente de 1986 a 1989 e o Eder ter partido em 1988. Nunca vi o Eder sequer em fotos, mas ele foi o maior incentivador que tive para ser militante de esquerda, do PT e da luta camponesa. Ainda a dar meus pequeninos passos no PT, eu vibrava com tudo que me chegava do Eder, como via amigos, não petistas, vibrarem por conseguirem tê-lo como orientador, na USP, enquanto eu, na minha pequena trajetória, me orgulhava de tê-lo como meu orientador maior no PT  e na militância política. Como somente agora tão recente eu soube que ele partiu, me veio o desejo de fazer um trabalho sobre ele, para o qual, não medirei esforços. Dos inesquecíveis, Eder Sader, está , para mim, no mesmo lugar que Lula...Impossível esquecer e injusto não contar a sua História e ter , nessa mesma História outros que, como eu, suave e delicadamente foram conduzidos por ele, para um novo caminho que, no meu caso, certamente, driblou meu destino, me levando para o lado dos sonhos, da luta e das vitórias coletivas. Eder, Lula e o PT, se misturam em mim com a mesma força e paixão indescritível.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Viajar no Passado e no Presente.

Uma das coisas de que eu mais gosto é ver Exposições. Pode ser famoso, pode ser desconhecido. Ver as obras, poder admirá-las - muitas vezes sem nem compreendê-las - é uma deliciosa viagem pelo tempo, pela História e pelos sentimentos de quem, através da sua arte, revela muito de si mesmo.
Adoro estar ali a admirar o trabalho do artista e imaginar também o momento da História do Mundo em que aquele trabalho foi realizado. Que idéias teve o artista pra fazer coisas tão belas? O que o inspirou? Como consegue traduzir suas idéias, sem escrevê-las ou cantá-las, mas expressá-las de forma tão silenciosa e ao mesmo tempo tão cheia de vida como se da tela fosse sair todas as cores criando novas imagens ou uma escultura de Rodin fosse criar vida. É como se o homem, através de sua arte, se tornasse um "deus", capaz recriar, à sua própria luz, um novo mundo, um mundo próprio e perfeito para si mesmo e admiração de outros.
Um passeio em um Museu ou  uma Exposição, é uma viagem, ao universo silencioso do artista e conhecer mais de perto a beleza da História.

Pinturas: Vincent Van Gogh e José Miguel.

Fidel Castro CUBA 15 02 2011 Crisis alimentaria revuelta árabe Especie h...

Fidel Castro se reúne con intelectuales durante más de 9 horas

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

GONZAGUINHA-"viver e não ter a vergonha de ser feliz"

Lula La!!.

PARABÉNS, PT, PELOS 32 ANOS DE HISTÓRIA, LUTAS e VITÓRIAS!

Hoje, o Partido dos Trabalhadores, comemora 32 anos de muito sonho e garra. Eu tenho orgulho de ser parte dessa linda História. Uma História que, por muito pouco, um Partido ainda pequeno, em 1989, quase fez Lula Presidente e o "quase" se deu, se não tivessem sido tantas as armações para impedir o PT de chegar ao poder. Muitos sonhos, muita vontade e muita garra, anos depois, levava Lula a subir a rampa do Palácio e viria a ser o maior e melhor Presidente da República do Brasil. Os quatro anos de Governo, se tornaram oito anos e com Dilma, doze anos. Foi com a nossa força e paixão que, emocionados, vimos um operário, Presidente do Brasil. Hoje são 32 anos compartilhados por um sonho que se realiza dia após dia. À militância petista, a maior e mais aguerrida, deixo esta rampa, com o simbólico tapete vermelho, para que, cada um de nós possamos subí-la e lembrarmos as palavras do histórico companheiro de sempre: " Que nunca mais ninguém duvide da capacidade dos Trabalhadores"! VIVA O PT!!!!!!!


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tonada de Luna Llena - Simón Díaz

Chaplin Chaplin - Luzes da Ribalta - Aprendi

UM GOLPE e DUAS VIDAS ENCARCERADAS

"Na hora do meu casamento, no dia 25 de agosto de 2011,  o primeiro e último de uma vida sozinha e de quase nada conquistado, aos 62 anos de idade, meu coração batia feliz e emocionado. Era o começo de tudo novo e nunca imaginado, como se eu tivesse ganhado a loteria sozinha. Naquele momento, um filme passou na minha cabeça. Nasci e me criei na Paraíba, numa família paupérrima. Aos vinte anos de idade, fui para o Rio de Janeiro, sem conhecer ninguém e cheia de sonhos e ilusões. Todo o dinheiro que eu tinha só dava para pagar a mais pobre das pensões e por um tempo máximo de três meses. Como professora recém formada, as oportunidades eram poucas, mesmo assim, consegui meu primeiro emprego numa escola particular e ruim. Com o emprego e um salário infímo, pude pagar o aluguel de um barraco, nos fundos de outro barraco, num dos Morros do Rio. Os anos passaram e eu consegui outros empregos melhores e morando sempre no mesmo lugar. No começo eu tinha medo das chuvas e do barraco desabar, depois acostumei. Tudo o que eu temia, eu ia me acostumando , enquanto juntava um dinheirinho para comprar uma casinha, quando me aposentasse. Aposentada, voltei pra minha terra, mas o dinheiro que eu juntei por anos, não me permitiu comprar um imóvel. Fiquei morando numa casinha que um dos meus irmãos me cedeu. Um dia e eu mal sabia , comprei um computador, em 24 prestações, e contratei a internet mais barata. O que eu não sabia era que ele seria o meu bilhete premiado. Aprendi a usá-lo e na minha aposentadoria sem ter o que fazer, ele se tornou meu melhor amigo. Entrei numa dessas Redes Sociais e fiquei amiga de muitos. Como eu achava que ninguém daria importância a uma senhora, coloquei uma foto qualquer. Numa tarde, sem nada pra fazer, fiquei conversando com um dos meus amigos virtuais. Quando me dei conta, estava me entregando para ele, numa relação sexual virtual. Ficamos dias juntos. Sempre que eu ligava o meu computador, havia um recado dele ou vice-versa. Até que eu, inocentemente, contei a verdade sobre a minha idade e mandei uma foto minha confiando no amor dele, aos 70 anos. Ele desapareceu. Nunca mais falou comigo. Eu sofri tudo. Meu sonho de amor verdadeiro mesmo na minha idade havia sido totalmente perdido. De luto por aquela perda irreparável, eu ia construindo com toda paciência do mundo, uma nova mulher, mais uma falsa. Se ele caísse, seria a grande chance de mudar a minha vida. Se ele não caísse, o jeito era continuar a viver aquela dor. Com tudo pronto, eu o chamei e ele conversou comigo, pensando ser outra mulher. Vivemos tudo aquilo de novo. A diferença era que eu gravava tudo. Quando eu já tinha todas as provas contra o grande homem multimilionário, eu me revelei. Ele ficou novamente sem falar comigo e sem que eu pudesse vê-lo. Mas, eu tinha o telefone dele, da primeira vez em que ficamos juntos e liguei pra ele propondo que ele se casasse comigo ou eu o denunciaria por pedofilia, porque, com data de nascimento oculta, ele não tinha podido ver que estava praticando sexo virtual, com uma menor. Era fácil pra mim conseguir uma garota que confirmasse ser ela a garota com quem ele fazia sexo virtual. Qualquer cem reais garantiria um grande escândalo na mídia. Ele zombou de mim e eu dei a ele um prazo de dois dias para decidir. Ele me mandou à merda e bateu o telefone na minha cara. Calmamente, eu esperei os dois dias. Antes das 48 horas, ele me ligou aceitando a minha proposta. No dia do meu casamento, meu coração batia feliz e ele indignado. Não conseguia fingir a revolta que sentia. Hoje moro numa mansão, no Rio de Janeiro, com um multimilionário de 71 anos, doente, viciado em masturbação e que nem olha pra mim. Eu sou muito feliz. Estou lhe dando esse depoimento agora  na certeza de que você manterá minha identidade oculta e, se eu bem entender, saio daqui e vou direto para o aeroporto para ir a qualquer lugar do mundo. Sem bagagem, sem nem precisar ir em casa pegar meu passaporte. Meu morista que está aqui comigo, me deixa no aeroporto e outro motorista traz o passaporte. Eu raramente levo bagagem comigo, porque gosto de comprar roupas novas no País em que estarei. O amor não existe mais pra mim. Ele que se dane com o vício dele. Eu vivo a minha vida multimilionária. Ah, eu tenho um amante." - Do livro "Depoimentos e histórias da internet", inédito. De Cássia Rodrigues de Melo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Yo Soy un Hombre Sincero... - Sara González.

AQUARELA - TOQUINHO

O Presente Inesperado...

Deus tem planos extraordinários e, sempre nos mostra o bom caminho a seguir ou a oportunidade de escolher. Eu fiquei por um tempo pensando comigo que tinha encontrado o meu Companheiro para uma grande amizade vida á fora, com quem eu aprenderia muita coisa. Aos poucos o Companheiro foi se tornando apenas companheiro e depois nem isso. Se um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, creio que Deus permitiu que sobre mim caísse e eu pudesse ver o tipo de escolha que eu estava brigando para conquistar e descobri que não valeria a pena. Dei graças a Deus por isso.
Nem por isso tão feliz, ficou algo ruim a me incomodar. Aos poucos isso foi passando e a vida continuando com seus encantos e desencantos.
Um dia, eu estava bem chateada com algo que não estava dando certo - e continua não dando - e, como não sou de lamentar, prefiro ironizar e ironizei. Para minha surpresa, um presente inesperado apareceu e trouxe alegria e  brilho pra minha vida: Um Companheirão com quem eu posso afirmar, sem medo de errar, que dele virá uma grande amizade. Diferente do outro que, cada vez mais, vai se tornando companheirinho, o presente que ganhei, veio com solidariedade, simplicidade, doçura, beleza...Enfim, tudo o que eu gostaria que um amigo tivesse e me ouvir e ser ouvido e opinar me ajudando a crescer. Eu já nem penso nos meses de 2012, porque, sei que o melhor Deus me presenteoou. Eu não o conheço pessoalmente, mas nem preciso pra saber quem ele é e da forma linda que chegou.

O TEAR

Para que um tecido saia perfeito, o tear precisa da harmonia entre a trama e a urdidura. O Espírito Santo é o tear, a tratar os que Nele crêem  de forma harmoniosa de modo a torná-los, de dia em dia, melhores e cada vez mais libertos. Todavia, muitas vezes, ou a trama ou a urdidura ou o homem ou a religião, atrapalham essa harmonia. O homem atrapalha essa harmonia, quando toma atitudes que fogem aos princípios de Deus e a religião, quando impõe ao homem uma sobrecarga difícil demais de ser carregada com sacrifícios, barganhas, promessas e coisas que são desnecessárias, uma vez que, o trabalho do tear ou do Espírito Santo é justamente o de atuar nas mentes e corações, bastando ao homem crer. Na fé cristã, é muito comum ouvirmos: "Seja qual for o seu problema, seja lá o que você estiver sentindo, entregue a sua vida para Jesus, só Ele é a solução e você não precisa fazer nada!". Isso é mesmo verdade, contudo, na prática religiosa, depois de crer, é apresentada uma lista enorme a ser cumprida, de modo a não pecar e afastar dos caminhos do Senhor. A lista apresentada com tantas exigências e sobrecargas onde parece que, tudo é pecado, aprisiona o homem, quando Deus é a liberdade e a intimidade admirável, de um amor incondicional. A relação com Deus é pessoal e Ele trata a cada um respeitando os limites e as diferenças de cada um. A vida com Deus é permanentemente de transformações até o último suspiro. As Igrejas neopentecostais trazem ao homem mais dificuldades na relação com Deus, na medida em quê há inúmeros sacrifícios e barganhas para bênções e constantes lutas contra o diabo. Ora, se Deus é a Luz e o diabo as trevas, qual o sentido de sustentar seguidas lutas, uma vez que a Luz dissipa as trevas? Ou seja, quando o Bem entra, o mal, obrigatoriamente, tem que sair. A Igreja Católica não diferencia tanto das neopentecostais. Ela também impõe ao homem sacrifícios, além de exaltar santos e querer que eles intervenham na relação com Deus, quando só Jesus é o único intercessor.
Ler a Palavra de Deus, mostra o quanto Jesus ensina uma vida de qualidade. O que pode parecer para alguns certa "repressão", ao olharmos bem o que fazemos e as consequências dos nossos atos, podemos compreender o que Jesus ensina nos livrando de sofrimentos vãos e vazios desnecessários. Agostinho disse que "Deus é do tamanho do vazio que sentimos". Deus preenche todos os espaços vazios e segue atrás, do lado e na frente do ser humano. Ter a proteção Divina, não é o mesmo que estar livre dos perigos do mundo. A proteção Divina está muito mais relacionada com a direção que Deus dá ao homem que livrá-lo da morte. A morte é para todos. Mas, os salvos renascem para Deus que, de modo algum, é responsável pelas calamidades que nos assolam. Sua Palavra diz que " o mundo jaz no maligno", portanto, as calamidades são escolhas dos homens e não desejo de Deus.
A vida com Deus é de permanente aprendizado e, por ser Ele o Professor, aprender com Ele é a melhor escolha que o homem pode fazer. Ele é o Tesouro e a relação com Ele é enriquecimento para a vida e para a alma. É a certeza de que, conforme a Sua própria Palavra, "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer". O tempo de Deus não é o tempo do homem, mas é certo que, no amanhecer estipulado por Ele, a alegria virá, sucumbindo toda dor.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Jorge Aragão - Conselho

Da Hipocrisia à Violência Contra a Mulher.

Em 2010, eu passei por várias situações de conflitos com um cara que, para mim, tinha sido o melhor amigo que encontrei na vida. Aquele a quem eu contava o que não tinha coragem de contar nem pra mim. Um grande amigo que, aos poucos, foi se transformando e revelando descontrole diante das situações. Já não só gritava comigo, como também passou a rasgar, aos berros, na minha frente, documentos de resoluções do coletivo como também, aos berros, jogar o cigarro com raiva, como se fosse uma forma de me agredir fisicamente. Eu perdia as estribeiras com ele e isso só agravava ainda mais as atitudes dele até que, por fim, vieram duas ameaças. Para me defender do que ele vinha fazendo, fui à Delegacia da Mulher, prestar queixa contra ele. Não cabia a Lei Maria da Penha, porque nunca tivemos contato íntimo, mas ele seria processado, considerando três fatores infringidos por ele, dos quais, um só, já era considerado Violência contra a Mulher. As três infrações dele contra mim eram: tortura psicológica, intenção de agressão física e ameça de morte, cujo processo seria aberto e ele responderia criminalmente. Na hora de assinar o documento que abriria o processo, eu parei e comecei a chorar. Pedi um tempo pra pensar. A delegada me disse: " Ele grita com você. Ele lhe maltrata. Ele simula agressão física. Ele lhe ameaça...E, você quer um tempo pra pensar em processar esse sujeito? Ele pode ter sido o seu melhor amigo, mas, não é mais. De mulheres que recuam num momento como esse, me desculpe, os cemitérios estão cheios". Mesmo assim, meu coração sangrava lembrando daquela amizade que fora tão linda e única. Eu recuei. A delegada disse que compreendia meus sentimentos e respeitava a minha decisão, embora discordasse - eu também discordava, mas tive pena, de burra que sou deixando pesar mais a amizade já morta, que a situação da nova realidade - e me deu um prazo para eu pensar melhor e me orientando a me manter o mais distante possível dele. Eu saí da DEAM com uma enorme sensação de peso, da decisão errada. Não falo com ele e sequer olho pra ele. Mesmo nos vendo todos os dias praticamente, nos ignoramos. Ele soube que eu estive na DEAM e também recuou das agressões e eu, decidida, como todas as mulheres burras, até que ele me agrida, seja como for e processá-lo.
A gente se comove e se revolta quando vê nos noticiários mulheres machucadas, mutiladas ou assassinadas pelos homens que, um dia, amaram. A gente se comove e se revolta com o número de violências domésticas que cada vez aumentam mais. Todavia, a gente não vê a tortura psicológica, porque não estampam as manchetes de jornais. Eu não entendo de leis, mas, acredito que, tortura psicológica, também pode ser tudo aquilo que dói profundamente na alma e que ninguém pode ver. Entre outras coisas, acho que é a indiferença, a falta de diálogo, fazer a mulher se sentir uma merda coisas que nem sempre ocorrem dentro de casa, mas, principalmente fora dela, onde, o homem se vê livre para tais práticas, espalhando dor e sofrimento, não previstos nas Leis.
Para combater esse tipo de violência contra a mulher, me ofendeu, já é o bastante para eu saber que não me serve nem como amigo e muito menos como amante. E, não é o tipo de coisa que eu saia por aí falando. Mas, deixar que outras, sejam mais felizes que eu, a merda, que já me fizeram sentir que eu sou. Até posso ser mesmo, mas, bem melhor do que quem me fez sentir que sou. Pelo menos, não sou hipócrita. Assunto encerrado.
As próximas postagens não serão mais monólogos a refletir sobre as coisas MAL REFLETIDAS!

Frevo Mulher.MP4

Zé Ramalho - Disparada

As Boas Intenções às Vezes ...

podem fazer uma cicatriz sangrar de novo.
No final da tarde de ontem, minha amiga me chamou para um café, perto da minha casa e devolver meu notbook que estava com ela, pois havia acabado de comprar um novo pra ela  e me devolver o meu com a "limpeza geral" que fez nele.
Saboreando um delicioso café, ela me disse, depois de um tempo de conversa e mudando de assunto:
- Eu pensava que ele gostava de mim, mas não está falando comigo.
Eu muito compreensiva falei pra ela:
- Ele gosta sim de você e gosta tanto que, numa conversa com ele, ele mesmo me disse que queria muito que você fosse nora dele. Dê um tempo pra ele. Ele passou por situações de risco e hoje deve estar se sentindo ameaçado por fantasmas. Deve estar desconfiado de muitas coisas e pessoas. Tenha paciência com ele. Quando ele confiar em você, vai falar. Se isso for tão importante pra você, vai falando de coisas boas, das suas vitórias e superações...
Antes de eu terminar de falar tão compreensiva, ela me interrompeu dizendo:
- Eu queria que ele falasse comigo e falasse com você.
Eu disse:
- Comigo, não. Nem pensar.
Ela me olhou e , meio sem graça, confessou:
- Eu falei de você pra ele e até dei uma foto sua...
Ela nem precisou concluir. A minha compreensão, a minha calma, a minha paciência foram , na mesma hora, pro brejo.
- Quem lhe deu esse direito? Como você teve coragem de falar de mim pra ele? Como você pode? - Eu questionei zangada.
Ela respondeu:
- Vocês eram amigos, uma confusão separou vocês e  ainda os meus irmãos aprontaram. Pela parte que me toca, eu tenho esse direito, sim.
Respirei fundo e mandei um discurso:
- Eu nunca vou tirar de você o carinho que você tem por ele, mas antes de falar de mim, você deveria ter me perguntado. Reconheço e agradeço a sua boa intenção, mas certas pessoas, eu dispenso na minha vida. Eu vou até onde consigo ir, todavia, sei quando não devo mais seguir. Ele nunca foi meu amigo. Eu o procurei dezenas de vezes, ele nunca me respondeu. Ele sabia que eu me consumia em culpa e nunca, nem por um segundo, ele foi solidário. Ás vezes, mesmo com mágoas, a gente pode ser sim, solidário  com quem nos magoou, principalmente, quando vemos que quem magoou, se consome em culpa. Pode até não perdoar, mas pode ser solidário. O silêncio, pode ser uma boa resposta, todavia, dependendo da situação, pode ser uma navalha, a nos ferir cada vez mais ou nos fazer ferir. Ele foi uma navalha a me machucar e a me fazer me machucar. Independente de qualquer situação, um homem digno, conversa, ouve e manifesta sua posição sobre o fato. Os seus irmãos poderiam ter feito o que bem entendessem, mas se ele fosse honrado, teria falado comigo. Ele não só se manteve silencioso, como, na primeira oportunidade que teve, ainda tentando me prejudicar, me vetando do grupo. Contudo, o grupo não deu a mínima pro veto dele e eu continuei. Mesmo com ele me batendo, eu o procurava, porque eu me sentia a pesonificação da culpa. E ele, soberano em seu silêncio, me ofendia ou me fazia me machucar mais ainda. Até que um dia, ele foi mais longe. Ao pedir a ele um abraço, de modo a acabar com aquilo tudo, o que ele fez foi bater a porta e aquela porta fechada, pra mim, foi uma porrada bem no meio da minha cara. Hoje, se um dia eu vier a saber que ele morreu, o máximo que direi, será: Antes ele do que eu. Hoje, como mulher que apanhou dele, eu sei que ele é um reacionário, porque, quando se trata de violência contra a mulher, ainda mais por quem tem poder, é tão machista quanto qualquer reacionário. Pra terminar a conversa, respeite a lei que eu mesma impus a mim mesma: De ficar muito, muito longe dele. Só isso".
Ela ficou um tanto espantada e disse:
- Como você é capaz de odiar assim?
Eu respondi:
- Não é ódio. É defesa.
Mudamos de assunto e na saída, eu tropecei e machuquei o pé que latejou a noite inteira e eu cheguei a ter febre. A dor no pé e a febre, nada mais eram, que uma cicatriz aberta, a me ferir de novo, mas que, ao amanhecer, nada mais doía e eu corri, como todos os dias. Eu ainda corria, quando ela me ligou desconfiada. Eu ri. Por fim, rimos. É vendo a ferida sangrar que a gente entende, que tudo passa. Tudo muda e a vida é feita de mudanças seguidas, sempre em frente, porque, o que passou, se ainda de tudo não passou, é certo que passará. Uma parte de mim quebrou e eu sinto que foi pra sempre.


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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Eu Apenas Queria Que Você Soubesse - Gonzaguinha

Nunca pare de sonhar - Gonzaguinha

MST - Fantasia - Chico Buarque

Preconceito e Inocência.

Creio que nem a minha família sabe das muitas coisas que passei na vida. Nada de drama, mas de superações. Em outro texto, eu contei que nasci com deficiência nas pernas e tive que usar botas até os 12 anos. As botas e outras coisas, me levaram a um complexo tremendo e, por consequência, ao isolamento. Mesmo depois de retiradas as botas, mesmo com a deficiência corrigida, eu não me libertei da prisão das botas, que ainda as usava na imaginação, uma vez que, a timidez, oriunda do complexo e do medo da liberdade, me mantinham presa. Do jeito em que eu vivia e me sentia, não emergeria uma mulher, mas alguém que passaria a vida sem sequer se dar conta dela. Aos 13 anos, eu conheci um homem idoso  que, depois de um casamento e três filhos, assumiu sua homessexualidade. De certa forma, também me assumiu, porque era professor e viu em mim, uma menina que não conseguia crescer, ainda presa nas pesadas botas. Muitas conversas dele, em nada me faziam sair das botas, onde eu me escondia. Assim, ele radicalizou. Queria que a menina desaborchasse e crescesse como uma mulher com um mundo pela frente a ser conquistado. A primiera coisa que ele me colocou para aprender e, numa época em que isso era coisa de cabaré, foi Poli Dance. Nem ele sabia e muito menos eu, como me exercitar ali. Aos poucos e com muitas quedas, eu aprendia e quanto mais aprendia, mais amava os malabarismos que eu fazia e ele, orgulhoso, aplaudia. Depois, foi dança cigana, flamenco e tango. Dessa forma, nasceria uma mulher ciente da sua sexualidade e sensualidade. Recentemente ele faleceu e eu o amava muito, por ter se tornado um pai pra mim de muitos ensinamentos. Foi o primeiro a ver meu primeiro livro publicado, embora tivesse lido todos. Orgulhava-se de mim, como um pai deve se orgulhar de ver a filha crescer e florescer e lutar, porque, isso ele também me ensinou: "Mulheres de verdade, têm que ser politicamente corretas". Ele era comunista.
Mas, se vivo ele estivesse, não sei o que me aconselharia, ao saber do preconceito que sofro, incrivelmente, por escrever.
Eu vivi uma situação inimaginável e que deveria parar onde parou. Todavia, uma série de outras situações foram sendo criadas de modo a me "incriminar" cada vez mais. Eu vivi duas situações, em dois momentos diferentes e com a mesma pessoa. Do resto, eu nada sabia. Exceto da tentativa de um amigo de me reaproximar da pessoa envolvida.
Outro dia, eu soube que foi bem mais que isso. De volta ao Facebook, minha amiga me mandou uma mensagem me contando que, ao falar com o namorado, depois de muito tempo afastados, ele perguntou pra ela: " Fernanda, com qual das suas personagens eu estou falando?" e citou vários nomes. Ela respondeu que era ela e não eu e que, muito diferente do que ele pensava, eu também havia sido enganada por duas pessoas, a se divertirem com a mesma pessoa em que eu me envolvi em duas situações e momentos diferentes.
Eu tenho vários personagens, todos fictícios e, muitas vezes, eu, que os crio, perco o controle sobre eles, quanto mais no mundo real. Como criar e sustentar personagens fictícios junto às pessoas reais? Acho isso impossível, pelo menos pra mim que, felizmente, reconheço que sou de uma honestidade que dá raiva. Não sei manter situações imaginárias por muito tempo, porque me dói saber que estou enganando não apenas os outros, mas, principalmente a mim mesma.
Dessa forma, vi que o mau uso da ficção, dá espaço pra má utilização de terceiros, marginaliza e isola, pela falta de espaço de defesa. Fico condenada, mas livre das botas. Essas cadeias, não me seguram. Aprendi a superar cedo e na superação, saber o que é bom e o que não é pra mim. O que é bom, eu guardo. O que é ruim, jogo fora.

Sergio Ricardo - O Nosso Olhar

Recibe Raúl Castro a la mandataria brasileña Dilma Rousseff

Declaração à imprensa da presidenta Dilma Rousseff no Haiti