segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pequenos Trechos de Comadre Florzinha

Rose e Luciana chegaram do shopping. Ao adentrarem a sala, os empregados logo foram ao encontro  das duas.
- Peguem tudo que está carro. - Ordenou Rose enquanto se dirigia ao bar da mansão se servir de uma dose de uísque.
- Mamãe, eu acho que não vou querer aquele vestido azul. - Comentou Luciana.
Rose olhou para a filha já com o copo de uísque na mão.
- Você se parece demais com a sua mãe...
- Minha mãe é você! - Reclamou Luciana.
- Está bem. Você se parece demais com Luana, tão fútil quanto ela.
- Mas, nunca serei rainha de bateria, pode apostar. - Interrompeu Luciana.
- Não mesmo. Luana era extraordináriamente linda. Perfeita. Um corpo como jamais vi. Tudo nela era lindo e absurdamente perfeito...
Rose falava quando Radamés entrou na sala.
- Dona Rose...
- O que é bicha louca? - Perguntou Rose irritada.
- É só pra lhe avisar que o doutor Rodrigo já chegou.
- Papai em casa a esta hora? - Peguntou Luciana surpresa.
Radamés e Rose trocaram um olhar. Rose disse:
- Vou ver meu marido.
- Melhor, não. Ele disse que não quer ser incomodado. - Avisou Radamés.
Encarando o empregado, Rose afirmou:
- Acontece que ele é meu marido!
Subindo as escadas da mansão, Rose logo começou a ouvir o som do violão dedilhando Malagueña Salerosa.
Na sala, Luciana perguntava para Radamés:
- Por que papai já está em casa e não quer ser incomodado?
- Porque mais tarde chegam sua avó Odete e seu irmão Miguel.
- Ai, meu Deus! Que notícia linda!
(...)

Dez anos antes.
(...)
Malagueña entrava na Igreja num vestido de noiva simples e amparada pelo irmão. Rodrigo estava de costas e, ao ouvir a música que anunciava a entrada de sua noiva, ele se virou e sorriu. Malagueña mal conseguia andar. Com esforço, chegou próxima do altar. Rodrigo perguntou:
- É tão ruim assim casar comigo?
- Você sabe que amo outro homem.
- Por acaso era um que estava no casarão da praia da Lua, em Pernambuco, onde você morava? Um homem feio, com uma cicatriz enorme no rosto, que lhe ensinava etiquetas e amou você...Um homem chamado Alejandro com quem você deixou sua virgindade?
Malagueña olhou pra ele incrédula.
- Como sabe de tudo isso?
- Você não queria se casar comigo no cumprimento da promessa feita pelos nossos pais...
- Você se disfarçou de Alejandro para que eu amasse você e aceitasse me casar para que você não perdesse tanto dinheiro? - Perguntou Malagueña indignada.
- Não. Eu fui o "fatasma da ópera" por amar você e querer que você me amasse justamente para que não tívessemos que nos casar por causa de uma promessa e...dinheiro...
Os olhos de Malagueña se enchiam de lágrimas.
- Era você todo o tempo...- Ela balbuciou.
- Eu. Eu que te amo tanto...

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