Hoje eu tive vontade de fazer uma das coisas de que eu mais gosto: Tomar café na padaria. Antes de correr, fui à padaria. Pedi um café e um pão de queijo. Assim que fiz meu pedido lembrei de um certo pão de queijo que comi, em Belo Horizonte, depois do Natal, no trecho Rio-Brasília. Aquele pão de queijo, em uma das paradas da viagem, eu comi pensando em algo e no bem que ele me fazia. Aquele pão de queijo tinha sabor de alegria, de doce e vã ilusão, de desejo, de paixão, de fantasia e da certeza que, bem antes do ano novo, tudo acabaria e assim foi. De volta para o Rio, tudo já virava fumaça. A diferença era que, eu não sofreria mais. Sabia que seria "eterno enquanto durasse" mesmo que isso significasse algumas poucas horas para, mais uma vez, acabar.
O pão de queijo que comi hoje, tinha outro sabor: o sabor da libertação, da inocência de qualquer culpa, do fim do meu ressentimento e da minha mágoa e, principalmente, da capacidade de quebrar mais uma dessas prisões que construímos. Por algum tempo, consumida pela culpa até praticamente adoecer, eu tentava de todas as maneiras o perdão que nunca veio. Tudo era só silêncio torturante a me culpar cada vez mais.
Quando eu vi que não era culpada, muito pelo contrário, talvez, quando tudo acabou, eu não podia mais nem lembrar que me fazia mal. Eu não fui a algoz. Eu fui a vítima, se é que cabe esse tipo de coisa, entre duas pessoas. De qualquer maneira, eu sofri ora chorando baixinho, ora gritando de dor, mas sempre sozinha, sem uma única palavra que aliviasse meu sofrimento tão conhecido e, tantas vezes dito, sem um só carinho que me confortasse.
O pão de queijo de hoje tinha a certeza da liberdade, do gosto bom de quebrar cadeias e poder rir, sabendo que, o que ainda havia, "o pão de queijo levou". Fui correr livre e incrivelmente feliz.
Eu sei que a "pessoa do pão de queijo" nunca lerá isso, o gelo em que ele se transformou, não o permite sair para ver o bem enorme que ele me fez.
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