sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Presente comprado pra um e que foi a alegria de outro.

Ontem foi aniversário de um grande e querido amigo meu e ele me pediu de presente que eu dançasse música cigana pra ele. Eu contestei, porque faz anos que não danço, mesmo assim, ele insistiu e eu concordei. Eu havia tido um dia cheio de tarefas: trabalho, um evento à tarde e uma reunião logo em seguida. Cheguei em casa e ainda fui ver meus e-mails. Depois fui tomar banho e ainda começava a me arrumar, quando ele ligou um tanto aflito querendo saber se eu ia ou não. Eu respondi que estava me arrumando e que havia tido um dia cheio...Ele me interrompeu querendo saber o que eu tentava justificar e eu disse:
- Faz um tempo que eu comprei um presente para alguém que eu pensei que fóssemos ser muito amigos e, por timidez, eu nunca entreguei o presente pra ele. Na véspera do ano novo, como no dia seguinte, seria aniversário dos 53 anos da Revolução Cubana, eu lembrei e mandei uma mensagem pra ele, sem dizer qual era o presente e, ele, nunca me respondeu, porque não nos tornamos amigos, como um dia eu imaginei. O silêncio dele foi a recusa ao meu presente e eu lembrei de você. Desculpe-me, falar assim...
Ele me interrompeu:
- Quer fazer o favor de vir logo que eu quero você dançando e traga a merda que for. Será bem-vindo o presente que foi recusado. Venha logo. Venha já!
Eu fui. Quando cheguei na festa, abracei e beijei o meu amigo tão querido muitas vezes e entreguei o pequeno presente. Ele abriu um tanto desinteressado - afinal, o presente era pra outro ( coisa feia da minha parte, mas eu não tinha tido tempo mesmo de comprar um presente pra ele e não queria ficar com aquele pra mim, porque, não foi comprado pra mim, mas para oferecer à outra pessoa) - mas quando ele viu o presente, os olhos dele lacrimejaram e ele emudeceu. Eu fique sem jeito. Depois, ele me abraçou fortemente e me disse emocionado:
- Nunca imaginei ganhar um presente desses. Até quando você me surpreenderá? Muito, muito obrigado e que sorte eu tenho de ter você como minha amiga mais querida e do "dono do presente" ter recusado. Eu adorei! Adoro esse cara e nem sabia que você gostava também.
Eu que me emocionei.
O presente? Um mimo de um artista que adoro: Guayasamin, que encontrei numa pequena loja, numa entrequadra de Brasília, especialiazada em réplicas de obras de arte e foi uma surpresa ver uma réplica sensual de um dos trabalhos desse grande artista equatoriano, com tudo a ver com Cuba.
Depois de umas cervejas, eu dancei pra ele e tive uma festa inesquecível.
A vida é dura, mas a arte de torná-la um canto de encanto, é, pra mim, o maior desafio e conseguir, a mais extraordinária vitória.
Na verdade, o aniversário dele é hoje, mas hoje ele embarcou para Havana.
Feliz Aniversário, Didiê! Muitas e muitas alegrias! Beijos

Um comentário:

  1. Eu sei que não é de bom gosto presentear as pessoas como se tívessemos comprando um presente pra gente. É lembrar sempre que o presente é para o outro e tem que ter a ver com ele. Mas, no caso dessa pequena obra, eu não resisti e comprei pra dar de presente aquele que não foi o amigo que eu imaginei. Mas, foi tão bom, mas tão bom poder presentear o outro e ver a alegria dele e a surpresa de saber que eu gosto de obras que de fato me tocam e não simplesmente porque são famosas. Pior, é presentear alguém com o presente comprado pra outro.É que eu tenho intimidade com Didiê e, mesmo não sabendo tudo um do outro, a amizade da gente, sempre tem surpresas. Acho que o outro nem gostaria. Parece-me curtir mais Salvador Dali ( amo e os perfumes da linha com o nome dele, são os meus preferidos) e Picasso ( que admiro, mas não curto tanto) e por aí. Nem sei se conhece Guayasamin...Nem imagino se gostaria. De qualquer maneira, Didiê adorou e isso foi muito gratificante. Eu que fiquei feliz ao ver o quanto ele gostou.

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