sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Da Hipocrisia à Violência Contra a Mulher.

Em 2010, eu passei por várias situações de conflitos com um cara que, para mim, tinha sido o melhor amigo que encontrei na vida. Aquele a quem eu contava o que não tinha coragem de contar nem pra mim. Um grande amigo que, aos poucos, foi se transformando e revelando descontrole diante das situações. Já não só gritava comigo, como também passou a rasgar, aos berros, na minha frente, documentos de resoluções do coletivo como também, aos berros, jogar o cigarro com raiva, como se fosse uma forma de me agredir fisicamente. Eu perdia as estribeiras com ele e isso só agravava ainda mais as atitudes dele até que, por fim, vieram duas ameaças. Para me defender do que ele vinha fazendo, fui à Delegacia da Mulher, prestar queixa contra ele. Não cabia a Lei Maria da Penha, porque nunca tivemos contato íntimo, mas ele seria processado, considerando três fatores infringidos por ele, dos quais, um só, já era considerado Violência contra a Mulher. As três infrações dele contra mim eram: tortura psicológica, intenção de agressão física e ameça de morte, cujo processo seria aberto e ele responderia criminalmente. Na hora de assinar o documento que abriria o processo, eu parei e comecei a chorar. Pedi um tempo pra pensar. A delegada me disse: " Ele grita com você. Ele lhe maltrata. Ele simula agressão física. Ele lhe ameaça...E, você quer um tempo pra pensar em processar esse sujeito? Ele pode ter sido o seu melhor amigo, mas, não é mais. De mulheres que recuam num momento como esse, me desculpe, os cemitérios estão cheios". Mesmo assim, meu coração sangrava lembrando daquela amizade que fora tão linda e única. Eu recuei. A delegada disse que compreendia meus sentimentos e respeitava a minha decisão, embora discordasse - eu também discordava, mas tive pena, de burra que sou deixando pesar mais a amizade já morta, que a situação da nova realidade - e me deu um prazo para eu pensar melhor e me orientando a me manter o mais distante possível dele. Eu saí da DEAM com uma enorme sensação de peso, da decisão errada. Não falo com ele e sequer olho pra ele. Mesmo nos vendo todos os dias praticamente, nos ignoramos. Ele soube que eu estive na DEAM e também recuou das agressões e eu, decidida, como todas as mulheres burras, até que ele me agrida, seja como for e processá-lo.
A gente se comove e se revolta quando vê nos noticiários mulheres machucadas, mutiladas ou assassinadas pelos homens que, um dia, amaram. A gente se comove e se revolta com o número de violências domésticas que cada vez aumentam mais. Todavia, a gente não vê a tortura psicológica, porque não estampam as manchetes de jornais. Eu não entendo de leis, mas, acredito que, tortura psicológica, também pode ser tudo aquilo que dói profundamente na alma e que ninguém pode ver. Entre outras coisas, acho que é a indiferença, a falta de diálogo, fazer a mulher se sentir uma merda coisas que nem sempre ocorrem dentro de casa, mas, principalmente fora dela, onde, o homem se vê livre para tais práticas, espalhando dor e sofrimento, não previstos nas Leis.
Para combater esse tipo de violência contra a mulher, me ofendeu, já é o bastante para eu saber que não me serve nem como amigo e muito menos como amante. E, não é o tipo de coisa que eu saia por aí falando. Mas, deixar que outras, sejam mais felizes que eu, a merda, que já me fizeram sentir que eu sou. Até posso ser mesmo, mas, bem melhor do que quem me fez sentir que sou. Pelo menos, não sou hipócrita. Assunto encerrado.
As próximas postagens não serão mais monólogos a refletir sobre as coisas MAL REFLETIDAS!

Nenhum comentário:

Postar um comentário